domingo, 3 de julho de 2011

A viagem

Noite era aquela em que o frio cortava a carne como navalhas afiadas. Eram duas da manha não se via nada a um palmo de distancia eu andava pela rua, a neblina estava rasteira e densa. Eu caminhava sem rumo prumado em lembranças do passado sombrio que me assombrava durante aquela noite.
Em minha caminhada procurei por companhia, mas quem andaria pela noite da madrugada além de min? Mas ao longe vi um vulto, uma miragem nas sombras, achei estar em devaneio daqueles em que o desespero da solidão nos faz delirar conscientes. Tropecei em algo viscoso e solido olhei para o chão era uma boneca suja de sangue e borrão, daquelas sem olho com ar de levemente surrada e de um odor que nauseia aos desavisados. Mas de quem seria? Sendo que só eu e aquela estranha sombra estávamos a passear pela noite, e algo me preocupava a criança dona daquela boneca podia estar em perigo, nas mãos de um bandido, ou machucada em algum lugar desta sombria noite. Então me postei a procura-la pela noite gritava a esmo sem saber o que procurava e assim foi durante horas e horas perdido nas ruas frias de prédios velhos que não eram altos e sim simples prédios de três e quatros andares muito envelhecidos pelo tempo dando a eles um ar nostálgico e agradável. A noite passava e senti fome meu estomago clamava por alimento, minhas pernas estavam fracas e estranhamente adormecidas pelo frio, minhas mãos pareciam cubos de gelo com as unhas roxas e congelando. Decidi que era hora de buscar ajuda, mas quem? Ninguém estava na rua para me acudir naquela hora, não havia policia ou vigias noturnos apenas a nevoa que cismava em não passar e me deixava cada vez mais preso nas intrincadas ruas e becos de paris. Decidi ir para frente do meu pub favorito logico que isto se eu conseguisse encontra-lo, eis que encontrei uma antiga cafeteria em que passara meus melhores momentos de vida costumava ir ate lá durante as manhas tomar meu café e comer alguns biscoitos amendoados, lembro-me de que lá haviam belas flores com aroma de cravo e almíscar tudo muito sutil e delicado e lembro-me também que lá era onde eu costumava cantarolar e cortejar lindas moças que também lá paravam para tomar seu café matinal.
A loja estava escura e fechada claramente por causa do horário inapropriado em que eu estava a bater.
Quando já estava a desistir eis que ouço uma voz a chamar-me, uma voz calma, suave e doce. Logo me virei para atender aquele chamado e me deparei com uma bela mulher de vermelho que me disse:
"Meu senhor, posso ajuda-lo?"
Logo pensei tratar-se de uma meretriz, uma bela meretriz a proposito devo dizer que pagaria a ela para passar a noite comigo, então decidi seguir aquela encantadora provável leviana estava especialmente levado a descobrir onde ela me levaria. Chegamos a um pequenino hotel caindo aos pedaços logo entendi aonde ela queria chegar subimos as escadarias que pareciam estar a ponto de se romper a qualquer momento, fomos a um quarto todo arrumado em detalhes vermelhos e aconchegante. Quando percebi meu frio se foi no primeiro copo de vinho e as frutas caramelizadas ajudaram a acabar com minha fome, logo estávamos os dois entrelaçados em beijos e caricias. Ela me arranhava como uma gata no cio e me machucava, mas para quem estava no frio e com fome a algumas horas aquilo era realmente o paraíso não reclamaria nunca. Passamos varias horas e dormimos juntos acendi o ultimo cigarro que me restava, dividi com ela olhei pela janela devia estar amanhecendo... Mas não estava ainda estava escuro, pulei da cama e corri para abrir o vitro e ele simplesmente estava emperrado virei me para a cama e estava toda suja e desarrumada cheia de teias de aranha, desci as escadas correndo não encontrei ninguém ela havia sumido cheguei ao primeiro andar uma marca de sangue se estendia pelo corredor o único corredor ate a saída, andei ofegante e vagaroso ao longe avistei vulto gritei para que ela me ouvisse ela se virou, naquele momento toda minha espinha congelou ela vinha em minha direção e eu não podia correr as pernas travaram o rosto era horrível como uma pessoa que havia morrido por tortura ou algo do tipo, logo meu corpo todo adormeceu e quando percebi estava acordando novamente na rua sob a neblina e o calar da noite e ela estava parada ao meu lado e me disse sussurrando ao ouvido.
-"Espero que tenha gostado desta noite, pois vais passar a todas as noites assim para pior sua vida se foi no dia em que pisaste naquela taberna e bebeste de um vinho com cicuta daquela meretriz, o teu purgatório eterno apenas começou. "

2 comentários:

  1. Esse foi o que eu mais gostei, tem uma continuidade boa é intrigante e prende a leitura.
    Ainda sou a favor de que você faça umas ilustrações pra acompanhar as histórias, ficaria bem mais forte! Abraço!

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  2. rebecca minh cra estarei tualizando com desenhos este blog otima ideia vai realmente dr mais peso para seu conteudo obrigado.

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